segunda-feira, 30 de abril de 2012

Microimunologia (células e tecidos linfóides)

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE


1 - Conceito e descrição


O sistema imune do nosso corpo é de grande eficiência no combate a microorganismos invasores. Mas não é só isso, ele é responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica*.
Existe uma variedade de locais onde podemos encontrar tecidos linfóides. O tecido linfóide pode estar acumulado formando os linfonodos que se interpõem entre os vasos linfáticos do corpo, pode fazer parte do parênquima de órgãos maciços como o baço, o timo ou as placas de Peyer do íleo. As tonsilas (amígdalas) são formadas puramente por tecido linfóide. Alguns órgãos não possuem tecido linfóide, mas tem uma grande população de macrófagos prontos para agir e fazer a “limpeza” do local, como por exemplo o pulmão (macrófagos alveolares) , o fígado (células de Kuppfer), o cérebro (micróglias) e a pele (células de Langehans).
Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército. Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão (inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema imune, outras só atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os “inimigos” ou neutralizam substâncias liberadas pelos inimigos”.
Neste capítulo descrevemos cada célula que compõem este extraordinário sistema imune.

2.1 – Células do sistema imune


As células do sistema imune são denominadas leucócitos (leukos=branco), pois são células brancas do sangue. O número de leucócitos por milímetro de sangue no adulto normal é de 5.000 a 10.000. Ao nascimento, o sangue da criança contém 20.000 leucócitos/mm³ de sangue e vai decrescendo com a vida e aos 12 anos atinge a faixa do adulto.Isso ocorre porque a criança ainda não tem as barreiras naturais do organismo completamente desenvolvidas, tendo mais facilidades de contrair infecções de diversas naturezas.Por essa razão é necessário que haja uma população de leucócitos maior para a proteção da criança.
Denomina-se leucocitose o fenômeno em que o número destas células sobe acima de 10.000/mm³ de sangue e leucopenia quando desce abaixo de 2.000/mm³ de sangue. Na leucemia (câncer de leucócitos) encontramos mais de 100 mil leucócitos/mm³ de sangue.
As células derivadas exclusivamente da medula, são nomeadas de acordo com a sua coloração pelo corante universal hematoxilina-eosina. São eles os leucócitos granulócitos : neutrófilos; eosinófilos e basófilos. A hematoxilina é um corante básico e a eosina um corante ácido. Os leucócitos eosinófilos tem afinidade pela eosina ,ou seja, tem afinidade por corante ácido (também chamado de leucócito acidófilo) e o basófilo tem afinidade pela hematoxilina, que é um corante básico, então chamado basófilo. As células acidófilas se coram em vermelho e as basófilas em azul escuro. Já os neutrófilos ou polimorfonucleares são corados por corante neutros, ou seja de pH=7.
Os linfócitos são agranulócitos (quer dizer, sem grânulos no citoplasma), que são indentificáveis pela microscopia óptica pelo sua imensa massa nuclear que toma quase todo o citoplasma. São células indiferenciadas entre si pela microscopia óptica, entretanto podem ser diferenciadas pelas técnicas imunocitoquímicas que detectam o CD (cluster differenciation) é possível saber que tipo de linfócito está se observando. Os linfócitos são divididos em linfócitos T, linfócitos B e linfócitos NK, sendo o LT responsável principalmente pelo auxílio ao sistema imune e resposta imune celular, o linfócito B responsável pela resposta imune humoral (com detalhes do capítulo 5) e os linfócitos NK pela resposta imune inespecífica. Os LT e os LB produzem resposta imune específica, pois ambos são estimulados a partir de epítopos de antígeno específico. Neste caso formarão populações monoclonais específicas para atacar o antígeno em questão.
Temos ainda as células do sistema monocítico fagocitário (SMF) antigamente conhecido por sistema retículo-endotelial). Estas células são especialistas em fagocitose e apresentação de antígeno ao exército do sistema imune. São elas : macrófagos alveolares, micróglia, células de Kuppfer, células dendríticas, células de Langehans e macrófagos em geral.

2.2.2 - Função, morfologia, e mecanismos de ação das células do sistema imune


Neste bloco iremos tratar sobre a estrutura morfológica sob aspecto microscópico, funções das células e mecanismos de ação delas.
As células do sistema imune são dependente uma das outras, pois se comunicam através de citocinas (ou interleucinas) e modulam a resposta imune.

2.2.1– Neutrófilos ou segmentados


São células polimorfonucleares (PMN), ou seja, possuem um núcleo bilobulado, trilobulado ou pentalobulado. A presenças deste lóbulos nucleares ajuda na identificação destas células na microscopia óptica. Estes lóbulos são interligados por cromatina . A cromatina nuclear dos neutrófilos estando frouxa indica que a célula é jovem, e se estiver condensada indica célula antiga. Um pequeno apêndice aparece ao lado do núcleo de neutrófilos de pessoas do sexo feminino. Este apêndice é a manifestação visual da cromatina sexual (cromossomo X). .
São os leucócitos mais populosos do sangue, fazendo parte de aproximadamente 65% dos leucócitos do sangue. Eles são os principais fagócitos do sangue e participam da reação inflamatória, sendo sensíveis a agentes quimiotáxicos liberados pelos mastócitos, basófilos e complemento*. Agentes quimiotáxicos são substâncias que atraem os neutrófilos até o local, ajudando no movimento em direção ao agente agressor. A leucocitose de neutrófilos pode indicar uma infecção bacteriana, visto que este leucócitos participam da fagocitose de bactérias e são altamente estimulados numa infecção deste tipo, que é chamado no de desvio à esquerda no estudo do hemograma.
Os neutrófilos são células piogênicas, ou seja, dão o aspecto purulento nas inflamações, aquele “líquido leitoso” do pus. O pus é formado por substâncias bacterianas, bactérias mortas, sangue, mas principalmente por neutrófilos que morreram em combate. Eles possuem receptores de superfície denominados LFA-1( presente também em macrófagos ) , que é uma molécula de adesão, se ligando ao ICAM-1 dos endotélios, que se refere ao receptor de neutrófilos nos vasos. Ao se ligar ao endotélio, o neutrófilo realiza a diapedese, que é o processo no qual o neutrófilo atravessa os póros do endotélio dilatado em entra no tecido. O endotélio se dilata pela presença de vasodilatadores como histamina, prostaglandina E2, prostaciclina e componete C5a do complemento.
Os neutrófilos possuem em sua membrana receptores para o componente C3b do complemento . O C3b estimula a fagocitose pelos neutrófilos e o componente C5a é um importante quimiotáxico para eles, aumentando também o seu metabolismo. O C3b é gerada pela fixação do complemento e quando liberada na reação se liga ao receptor de superfície do neutrófilo fazendo opsionização, ou seja, ajuda na ingestão do material pelos fagócitos. Os neutrófilos ainda possuem receptores da fração FC das IgGs chamadas de FCgamaR. Estas imunoglobulinas IgG (neste caso são opsoninas) envolvem o material a ser fagocitado e se liga a este receptor de superfície, ocorrendo a emissão de pseudópodes e englobamento da partícula.
O citoplasma destes granulócitos neutrófilos é rico em grânulos específicos (que se coram por corantes neutros), mas também possuem grânulos azurófilos que não são específicos para eles. Os grânulos azurófilos contém fosfatase ácida , mielo-peroxidase, proteínas básicas e glicosaminas sulfatadas ( se coram em púrpura pela coloração de Romanowsky). Já os grânulos específicos contém fosfatase alcalina, colagenase, lactoferrina e lisozima (Quadro 2.1)



A mieloperoxidase(MPO) é uma enzima que compõem o sistema “peróxido de hidrogênio-MPO-hialida”. Este é o sistema mais eficiente e mais importante anti-microbiana presente no grânulos azurófilos dos neutrófilos. O mecanismo de ação dela se baseia no seguinte:
O neutrófilo sintetiza peróxido de hidrogênio por ação da enzima superóxido desmutase (SOD) a partir de 2 moléculas de superóxido. A MPO converte o peróxido de hidrogênio em presença de uma hialida como o cloreto(Cl-) em HOCl-, que é um poderosíssimo oxidante.Isto mata a bactéria por oxidar sua membrana plasmática e criar ligação moleculares prejudiciais ( faz união dos radicais sulfidrila dos aminoácidos cisteína das proteínas superficiais). Devemos destacar aqui uma doença denominada doença granulomatosa crônica da infância (DGC), que se caracteriza por defeito nos genes que codificam a MPO. Não havendo a MPO, a criança fica muito vulnerável a infecções oportunistas e recidivantes.
A lisozima presente nos fagócitos em geral, hidrolisa (quebra) a parede de bactérias gram-positivas principalmente. Este enzima hidrolisa a ligação entre a cadeia de ácido N-acetil-murâmico e o N-acetil-glucosamina da parede celular (camadas de peptidoglicana*).
A lactoferrina é um ligante do ferro, que é importantíssimo para a vida e desenvolvimento da bactéria. Quando a lactoferrina é liberada no meio por exocitose, ela se liga a todo o ferro que encontra no caminho e mata a bactéria de fome, pois ela não tem ferro para ingerir. Essa lactoferrina também é encontrada na saliva humana.
A APB (proteína bactericida de aumento da permeabilidade) é uma substância altamente catiônica que altera a permeabilidade da membrana plasmática das bactérias (que é altamente aniônica) e as mata por osmose (entrada excessiva de líquido).
Colagenase digere o colágeno nos tecidos, e é responsável por criar o “abcesso” presente na inflamações purulentas ( furúnculo p. exemplo). Isso ocorre por que no pus estão presentes quantidade enorme de neutrófilos mortos que tiveram suas membrana plasmáticas rompidas, o que liberou para o meio as suas enzimas, incluindo a colagenase.
As enzimas hidrolíticas em geral necessitam de um pH ideal entre 4 e 5.Essas enzimas hidrolíticas descritas acima estão presentes nos lisossomas dos neutrófilos na forma inativa pois o pH está alto. Quando se fundem ao fagossoma formando o fagolissoma , o pH abaixa e ativa as enzimas, que vão agir sobre as bactérias presentes do fagossoma e fazer a digestão.

2.2.3 – Mastócitos


Os mastócitos são células do tecido conjuntivo, originado a partir de células mesenquimatosas (células de grande potência de diferenciação que dá origem as células do tecido conjuntivo).
Possui citoplasma rico em grânulos de coloração azul pelo HE (basófilos). A principal função dos mastócitos é armazenar potentes mediadores químicos da inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico dos eosinófilos), SRS-A , serotonina e fatores quimiotáxicos dos neutrófilos.
Esta célula não tem significado no sangue, sendo uma célula própria do tecido conjuntivo. Ela participa de reações alérgicas (de hipersensibilidade), na qual chama os leucócitos até o local e cria uma vasodilatação.
É a principal célula responsável pelo famoso choque anafilático. O Processo de ativação da desgranu-lação (exocitose) se baseia na sensibilização destas células (mastócitos), que ocorre em indivíduos com uma predisposição genética na maioria dos casos. Esta sensibilização ocorre da seguinte forma: (fig.2.2) o primeiro contato com o alérgeno (substância irritante que causa a alergia) estimula a produção de IgE específicas que se unem aos receptores de superfície dos mastócitos, pois estes são rico em receptores de IgE. No segundo contanto, as IgE ligadas ao mastócito se ligam ao alérgeno e desencadeia a liberação de todos os mediadores inflamatórios. Com isso a histamina causa uma vasodilatação, a heparina é anticoagulante, o ECF-A chama os eosinófilos e a fator quimiotáxico dos neutrófilos chama os neutrófilos ao local. O SRS-A (slow reacting substance of anaphilaxis) traduzindo significa substância de reação lenta da anafilaxia e tem como efeito produzir contração lenta da musculatura lisa. Esta contração da musculatura lisa é importante quando essa reação anafilática ocorre no pulmão (devido à inalação do antígeno) e leva a uma broncoconstricção (asma alérgica).A histamina também contribui muito na asma devido a presença de receptores histaminérgicos H2 que causam broncocontricção.
Sobre mecanismo de liberação dos mediadores o que ocorre, de um modo mais detalhado, é a ativação da adenil ciclase pelo receptor de IgE estimulado. A adenil ciclase quebra o ATP em AMPc, que vai ativar uma enzima chamada de proteína quinase A, que vai fosforilar filamentos contráteis do citoplasma. O AMPc também proprociona a maior entrada de íons de cálcio (Ca++), que favorece a contração das miofibrilas. Essa contração do citoplasma carreia as vesículas cheias de mediadores para a membrana plasmática realizando a exocitose.
Outro meio de causar a ativação da desgranulação dos mastócitos, porém sem a participação da IgE é a ligação dos componentes C3a, C4a e C5a do complemento e de IL-3 com receptores de superfície. Os componentes do complemento são liberadas na ativação da via clássica e a IL-3 é liberada por linfócito T ativados.Essas substâncias são conhecidas como anafilotoxinas pois podem desencadear a reação anafilática.
O efeito da reação anafilático no paciente se manifesta clinicamente no local onde houve o contato com o alérgeno. Por exemplo, se for na conjuntiva dos olhos, ocorrerá uma conjuntivite alérgica, no intestino uma diarréria e vômitos, na pele ocorre edema angioneurótico e erupção maculo-papular. A urticária resulta de antígenos que foram absovidos pelo trato intestinal e que vão causar alergia na pele.Esses casos podem ser tratados com hidrocortisona ou antihistamínicos. Foi descoberto que o interferon gama ( produzido por linfócitos T helper-1) pode inibir o processo de secreção de IgE pelos plasmócitos, podendo assim impedir a desgranulação dos mastócitos.
É importante que saibamos os efeitos sistêmicos do choque anafilático, que ocorre quando o antígeno é inoculado na circulação sangüínea do paciente. Este antígeno pode ser a penicilina, ou peçonha de algum inseto (abelha) e etc. A histamina liberada em grande quantidade no sangue é o principal responsável pelo efeitos sistêmicos do choque anafilático: taquicardia (efeito direto de receptores H2 no coração ou pelo efeito reflexo baroceptor pela queda da pressão arterial), hipotensão arterial grave devido a intensa vasodilatação. Ocorrem ainda edema de glote (laringe) e efeitos gastrintestinais (diarréia, vômitos...). Esse choque sistêmico pode levar a morte por colapso circulatório e deve ser tratado imediatamente com administração de adrenalina, pois é o antagonista fisiológico da histamina.
A reação anafilática é também chamada de reação de hipersensibilidade tipo I.



Fig 2.2 - Esta figura ilustra a ação dos mastócitos na reação de hispersensibilidade tipo I ou anafilática. O alérgeno no seu primeiro contato estimulou a resposta imune humoral, fazendo com que os plasmóctios produzissem as IgE específicas para o alérgeno. As IgE se ligam aos mastócitos, fazendo-os ficar sensibilizados. No segundo contato, o alérgeno se liga ao mastócito sensibilizadoe faz com que ele libere os mediadores da inflamação. O ECF-A é o quimitáxico dos eosinófilos. Estes chegam ao local e liberam o seu conteúdo lisossômico. Este conteúdo contem susbtâncias que vão hidrolisar(destruir) a histamina e o SRS-A liberado pelos mastócitos. A histamina é o principal vasodilatador, levando a graves conseqüências para o indivíduo.

2.2.4 – Eosinófilos


Os eosinófilos são leucócitos granulócitos presentes na sangue em pequena quantidade. É encontrado fazendo parte de aproximadamente 3% dos leucócitos do sangue. É binucleado e seu citoplama possuem grânulos específicos que se coram pela eosina (acidófilos), que são lisossomas, sendo ricos em fosfatases ácidas. As nucleases presentes são as ribonucleases e as desoxiribonucleades que digerem o RNA e o DNA, respectivamente.
Funcionalmente esta célula é capaz de fagocitar bactérias ou qualquer outro material estranho. Mas a sua principal função não é a fagocitose, mas sim a exocitose da PBM (proteína básica maior). Esta proteína é rica em arginina (aminoácido básico) e contribui muito para a acidofilia ( ou eosinofilia) dos grânulos desta célula, pois substâncias básicas tem afinidade por substâncias ácidas. Ela é tóxica para parasitas de humanos e causam a sua morte. Se o sangue do indivíduo estiver com a taxa de eosinófilos alta (leucocitose eosinofílica) é um grande indicador de infecção parasitária. Um exemplo é a infecção por Schistossoma mansoni, no qual a grande eosinofilia confirma a suspeita clínica e ajuda no diagnóstico.
Os eosinófilos também estão muito presentes em reações alérgicas do organismo. Isto ocorre porque o basófilo ou o mastócito, estimulado na reação alérgica, libera o ECF-A ( fator quimiotáxico dos eosinófilos na anafilaxia) ou seja, é um fator que atrai e dirige os eosinófilos até o local da alergia. O eosinófilo chega ao local da reação para resolver a reação (inibir) através da liberação de histaminase e aril sulfatase B que destróem a histamina e o SRS-A respectivamente, que são produtos inflamatórios liberados pelos mastócitos ou basófilos sensibilizados.

2.2.4 - Basófilos


Os basófilos são granulócitos encontrados no sangue em pequena quantidade, variando entre 0 a 1% dos leucócitos. Esta célula é grande, com núcleo volumoso, geralmente em forma de “S” e possui grânulos grandes no citoplasma (observe figura 1.3).
Os basófilos tem função semelhante ao dos mastócitos. Possui aos mesmos mediadores nos seus lisossomas, e possui também receptores de IgE. Participa de reações alérgicas da mesma forma que os mastócitos. A diferença básica entre oa basófilos e os mastócitos está no fato de os basófilos serem encontrados no sangue ( não típico do tec. conjuntivo) e da estrutura morfológica. A origem também é diferente, como se pode observar no capítulo I referente a leucocitopoese.
A sua participação no choque anafilático (sistêmico) é maior que o mastócitos, pois os basófilos são células que realmente estão presentes no sangue, e liberam os mediadores para a circulação.

2.2.5 - monócitos/macrófagos


Os monócitos estão presentes no sangue, constituindo-se de 3 a 8 % dos leucócitos circulantes. O macrófagos não estão circulando no sangue, são células que aparecem no tecido conjuntivo ou no parênquima de algum órgão, e é originado a partir dos monócitos, que migraram até o local (veja capítulo I).
Os monócitos tem núcleo ovóide, ou em forma de rim e o citoplasma basófilo, com grânulos azurófilos. É diferente do macrófago, que é uma célula grande, amebóide com retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi desenvolvidos. O monócito e o macrófago pode ser visto na fig.1.5.
O monócito também participa da formação dos granulomas na inflamação crônica granulomatosa ( detalhes no capítulo 3, ítem 2.3). Eles se fundem em formam as células gigantes de Langhans. Estas células multinucleadas gigantes tem grande capacidade fagocitária, e engloba partículas maiores, como fungos ( paracoccidiodes, coccidioides, blastomyces etc.) e também bactérias (Treponema pallidum, Mycobacterium tuberculosis e M. leprae). No granuloma, os macrófagos (originados dos monócitos do sangue) se modificam e viram células epitelióides, com grande atividade secretora e pouca atividade fagocítica. Elas secretam enzimas hidrolítica que vão matar o ser estranho que está no granuloma. Estas enzimas também causam necrose no centro desses granulomas, como por exemplo, a necrose caseosa encontrada na tuberculose.
Os monócitos também formam os osteoclastos presente no tecido conjuntivo ósseo. Estes osteoclastos são células que digerem a hidroxiapatita dos óssos e com isso liberam cálcio e fosfato para o sangue. Ficam estacionadas dentro de cavidades denominadas lacunas de Howship. Sua atividade é regulada pelo paratormônio, que estimula sua atividade. Quando o cálcio do sangue cai abaixo de um limiar, as glândulas paratireóides liberam este hormônio.
Os macrófagos são células de altíssimo poder fagocitário.O interferon gama* produzido por linfócitos T helper estimula a fusão dos lisossomas com o fagossoma para que haja a digestão intracelular. Este fato é importante para entender diversas doenças como a leishmaniose difusa e a hanseníase lepromatosa . Estes fagócitos possuem diversas enzimas hidrolíticas em seus lisossomas.Ele não possui a mieloperoxidase, mas mata as bactérias por liberação de radicais derivados do oxigênio, como o superóxido, radical hidroxila e o peróxido de hidrogênio ( H2O2). Estes vão oxidar as membranas das celulares da bactéria e formar pontes dissulfeto entre os aminoácidos cisteína de diversas proteínas estruturais da bactéria, o que leva a morte da mesma. Entretanto, a bactéria pode possuir alguma enzima que degrada a H2O2, como a catalase presente no Staphilococcus aureus. A catalase é nesse caso um mecanismo de defesa da bactéria pois destrói o peróxido de hidrogênio.
Possui funções de extrema importância para o sistema imune:
Apresentador de antígenos: Os macrófagos são células que vão fagocitar a antígeno e digerí-lo no fagolisossoma. Porém os seus epítopos* são levados até a superfície da célula e apresentado ao linfócito T ou ao linfócito B. Ao mesmo tempo ele sintetiza o MHC-classe II ( MHC é um antígeno produzido pela célula, originado em genes chamados de HLA-D , veja capítulo 3) que se combinará com o linfócito T. Este irá estimular todo o sistema imune do organismo e “convocar” as células para o ataque.
Limpador : Os macrófagos são células que chegam para fazer a limpeza de um tecido que necrosou, ou que inflamou. Eles fagocitam restos celulares, células mortas, proteínas estranhas, calo ósseo que se formou numa fratura, tecido de cicatrização exuberante etc. Após esta limpeza, os fibroblastos ativos ( no caso de uma necrose) vão ao local e preenchem o espaço com colágeno.
Produtor de interleucinas: O macrófago é o principal produtor da interleucina I (IL-1). Ele produz a IL-1 quando fagocita organismos invasores (micróbios), que dá o alarme para o sistema imune. Esta citocina estimula linfócitos T helper até o local da infecção, onde serão apresentados aos epítopos nos macrófagos. Além disso a IL-1 estimula a expansão clonal dos LThelper e dos linfócitos B específicos contra os epítopos (lembre-se: epítopos são moléculas específicas dos antígeno que é capaz de criar uma população de células específica para combatê-lo)
A IL-1 é responsável pela febre nas infecções e inflamações que ocorrem no corpo. Ela vai ao hipotálamo, nos núcleos supraópticos e estimula a produção de prostaglandinas, que ativam o sistema de elevação da temperatura. Estes núcleos ativados vão fazer com que os vasos sangüíneos da pele se contraem. Com isso a pele retém o calor do corpo, fazendo-o esquentar. O suor que aparece na febre indica melhora, pois os vasos da pele se dilatam e as glândulas sudoríparas estão em funcionamento, liberando água, com isso mandando o calor para o meio externo. A IL-1 também estimula a ciclo-oxigenase no metabolismo do ac. aracdônico, aumentando a produção de prostaglandinas pelos leucócitos , que vai contribuir para a inflamação e dor (lembre-se que as prostaglandinas participam do mecanismo da dor). Além disso a IL-1 estimula a síntese de proteínas de adesão leucocitária nos endotélios (como a ICAM-1) e facilita a adesão dos leucócitos para realizar a diapedese. Outras funções da IL-1 se referem aos estímulos para maturação dos leucócitos, descrito no capítulo 1.
Os macráfagos são resposáveis pelo sistema monocítico fagocitário (SMF), pois vem da maturação dos monócitos que chegam pelo sangue. Existem células que são morfologicamente diferentes dos macrófagos, mas tem a mesma função, e provém dos monócitos da mesma forma, sendo, então parte do SMF. São eles:
- monócito sanguïneo - circulante no sangue;
- Micróglia - SNC;
- Células de Kuppfer - fígado;
- Macrófagos alveolares - pulmão;
- Células dendríticas - região subcortical dos linfonodos;
- Mesangio intraglomerular - glomérulo de Malpighi renal;
- Macrófagos sinusais dos baço - cordões de billroth da polpa vermelha do baço.
- Macrófagos das serosas - peritônio, pericárdio e pleura;
- Células de Langehans - pele;

Os macrófagos ou células de Langehans da pele quando inativados, viram histiócitos. Estes reduzem as suas organelas e diminuem o seu metabolismo ficando como um “vegetal”. Os histiócitos são responsáveis pela formação da tatuagem, onde seu citoplasma fica cheio de pigmentos fagocitados.
Os macrófagos possuem receptores de superfície ( ou marcadores) que são chamados de RC1 e FC-gamaR O RC1 é o receptor que se interage com o componente C3b do complemento. A interação deste C3b com o RC1 estimula a fagocitose dos macrófagos (opsionização). Já o FC-gamaR é o receptor de IgG para a sua fração FC cuja interação causa opsionização, estimulando a fagocitose (englobamento pela emissão de pseudópodes). Estes receptores descritos acima são importantes, pois a bactéria ou outros agentes estranhos costumam estar envolvidos de IgG e de componentes do complemento como o C3b. Outro receptor encontrado nos macrófagos é o LFA-1 que é responsável pela adesão ao endotélio capilar (semelhante aos neutrófilos)
Um destaque deve ser dado para as células dendríticas dos linfonodos. Estes não expressam o MHC-classe II, apenas o RC1 e o FC-gamaR e mantém interações de apresentação do antígeno aos LB dos linfonodos.

2.2.6.1 - Linfócitos


Linfócitos são encontrados no sangue contribuindo para 20-30 % dos leucócitos Esta porcetagem varia muito de acordo com a saúde o paciente. Se ele está deprimido, estressado , esta porcentagem cai muito, ou no caso de uma infecção viral, esta porcentagem cresce bastante. Numa rejeição de enxerto, observamos grande aumento de linfócitos.
Os linfócitos possuem núcleo esférico, preenchendo quase toda a célula, deixando o citoplasma com pequena área.O núcleo é bem maciço, e não deixa aparecer o nucléolo na microscopia óptica, só visível na micróscopia eletrônica..Veja fig.1.3 e fig 2.2.
Linfócitos T e linfócitos B são indiferenciados pela microscopia, sendo portanto, diferenciáveis pelas técnicas imunocitoquímicas para detecção de receptores específicos de membrana. O linfócitos T possui o receptor TCR específco para células T, que funcionalmente serve para reconhecer e o antígeno que lhe é apresentado e ativar o linfócito. O linfócitos B possui o receptores diversos, sendo a IgM monomérica o principal receptor e é identificado pela imunocitoquímica. Essa IgM monomérica também server para reconhecer o antígeno que lhe é apresentado. Iremos, a seguir, descrever as características funcionais dos LT e dos LB, que são importantíssimas para o S.I.

2.2.6.1 - Linfócitos T

Os linfócitos T são células que tem diversas funções no organismo, e todas são de extrema importância para o sistema imune. O nome linfócito T derivada das células serem dependentes do “timo” para o seu desenvolivmento (veja capítulo I), sendo então o “T ”de “Timo-dependentes”.Morfologicamente, quando os linfócitos então em repouso, observamos dois tipos de linfócitos diferentes: linfócito agranular e linfócitos granular grande (LGG).
O linfócito agranular possui o núcleo bem maior que o citoplasma ( grande relação N:C) e o tamanho da célula é de menor tamanho. Este representa a maioria dos linfócitos T (auxiliares, citotóxicas, supressoras). Esta célula apresenta, sob os aspecto de ultra-estrutura, lisossomas primários e gotículas de lipídios no seu citoplasma, que juntos formam o chamado corpúsculo de Gall ( fig.2.2). Este corp. de Gall pode ser identificado pela microscopia óptica (corada pela esterase não específica), como um ponto na periferia do citoplasma.
O linfócito granular grandes (LGG) não apresenta corpúsculo de Gall, pois os lisossomas primários estão dispersos no citoplasma e não formam nenhum corpúsculo e possui um aparelho de Golgi bem desenvolvido. 10% das LTauxiliares e 35% das LTcitotóxicas possuem esta morfologia LGG ( fig2.2). Os linfócitos NK possuem esta estrutura e estão destritos no ítem 2.2.6.3. São ditas granulares por possuirem grânulos azurófilos no citoplasma e o núcleo não é tão grande em relação ao citoplasma (menor relação N:C).
Funcionalmente os linfócitos são separados em LT auxiliares (LThelper), LT citotóxico, LT supressor. Cada um deles possui receptores característicos (além do TCR que é padrão para as células T), que são identificáveis por técnicas imunológicas e que tem funções específicas. Entretanto, todas as células T possuem os receptores TCR e o CD3.
O LT helper possui receptor CD4* na superfície, que tem a função de reconhecer o macrófagos ativado. e é o principal alvo do vírus HIV. Esta célula é o mensageiro mais importante do sistema imune. Ele envia mensagens de ataque para as diversos leucócitos para realizar a guerra imunológica contra o agente agressor. O LT helper é a célula que interage com os macrófagos, reconhecendo o epítopo que lhe é apresentado.A IL-1 estimula a expansão clonal de LT-helpers monoclonais * que vão secretar diversas interleucinas, sendo portanto, dividido em LT helper 1 e LT helper 2. Esses subtipos de LT helper secretam interleucinas distintas, cada uma com uma função específica.
O LT helper 1 produz as interleucinas 2 e interferon gama que estão relacionadas com a resposta imune celular principalmente.
O LT helper 2 produz as interleucinas 4-5-6 e 10, sendo a IL-4 e a IL-10 as mais importantes por ele produzidas. Estão relacionadas a resposta imune humoral.
Nos capítulos referentes a resposta imune celular e resposta imune humoral iremos aprofundar neste assunto sobre LT helpers e suas interleucinas.
A função do LT helper é reguladora. Podemos citar as funções principais dos LT helper resumidamente:
- estimulação do crescimento e proliferação de LT citotóxicos e supressoras contra o antígeno;
- estimulação do crescimento e diferenciação dos Linfócitos B em plasmócitos para produzir anticorpos contra o antígeno;
- ativação dos macrófagos;
- auto estimulação ( um LT helper pode estimular o crescimento da população de LT helpers.).

O Linfócito T citotóxico possui receptores CD8, que tem a função de reconhecer o MHC-classe-I expressada por células rejeitadas (transplantes e enxertos). MHC (Major Histocompatibility Complex),significa complexo de histocompatibilidade principal. Todas as células do organismo possuem genes próprios para o MHC denominados de HLA. Quando uma célula estranha entra no organismo, vão expressar o MHC -classe I na superfície, cuja expressão é ampliada por estímulos como o interferon gama.. O MHC-classe II é produzido por macrófagos e linfócitos B, e tem a função de ligá-los aos linfócitos T helpers para lhe apresentar o antígeno, através da interação CD4-MHC-II e TCR-epítopo (cap.3).
Esta célula T citotóxica (LTc) é o principal “soldado” do sistema imune, pois ataca diretamente as células estranhas que expressam o MHC- I e lisa a célula (destrói a membrana celular). A resposta imune que se baseia na ativação e ataque das células CD8 é denominada de resposta imune celular específica (RIC-capítulo 3). Esta célula também participa de reações de hipersensibilidade tardia (tipo IV), como as reações que caracterizam os testes intradérmico tipo PPD na pele. O seu principal estimulador é a interleucina 2 (produzida pelo LT-helper 1), que causa a expansão clonal de linfócitos T citotóxicos monoclonais na RIC.
Linfócitos T supressores são linfócitos que tem a função de modular a resposta imune através da inibição da mesma. Ainda não de conhece muito a respeito desta célula, mas sabemos que ele age através da inativação dos linfócitos T citotóxicos e helpers, limitando a ação deles no organismo numa reação imune. Sabemos que o LT helper ativa o LT supressor que vai controlar a atividade destes LT helpers, impedindo que eles exerçam sua atividades excessivamente. Os LT supressores também participam da chamada tolerância imunológica, que é o mecanismo por qual o sistema imune usa para impedir que os leucócitos ataquem as próprias células do organismo. Portanto se houver deficiência na produção ou ativação dos linfócitos T supressores, poderá haver um ataque auto-imune ao organismo.
Os receptores de superfície encontrados são os CD3 e o CD8, que também se observa nos LT citotóxicos. O receptor CD3 dos linfócitos participa do mecanismo de ativação intrínseca do linfócito, explicado detalhadamente no capítulo 3, ítem 2.4.

2.2.6.2 Linfócitos B


Os linfócitos B são células que fazem parte de 5 a 15% dos linfócitos circulantes e se originam na medula óssea (capítulo I) e se desenvolvem nos órgãos linfóides. O nome linfócito B é devido a sua origem na cloaca das aves na Bolsa de Fabricius.
São células de núcleo grande e que possuem o retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi extremamente desenvolvidos em seu citoplasma, e especialistas em síntese de gamaglobulinas quando ativadas. Porém em repouso, estas organelas não estão desenvolvidas. Estas células não possuem o corpúsculo de Gall que aparece nos LT.
Os LB tem como função própria, a produção de anticorpos contra um determinado agressor. Anticorpos são proteínas denominadas de gamaglobulinas ou imunoglobulinas que exercem várias atividades de acordo com o seu isotipo (IgG, IgM, IgA...) Estes anticorpos realizam diversas funções como : opsoninas*, ativadores de complemento, neutralizadores de substâncias tóxicas (como as que são liberadas por bactérias ou por animais peçonhentos), aglutinação, neutralização de bactérias, etc...
Os LB possuem como principal marcador de superfície a IgM monomérica, que participa do complexo receptor de antígenos. Esta imunoglobulina entra em contato com o antígeno (análogo ao TCR dos LT ) quando lhe é apresentado diretamente ou indiretamente pelos macrófagos. A IgM se ligando ao epítopo, internaliza o complexo IgM-epítopo. Estes complexo realiza diversas modificações na célula, que tem a finalidade de induzi-la a produção de imunoglobulinas (em detalhes na capítulo 4).
Os LB em repouso não produzem imunoglobulinas, mas quando estimulados por interleucinas (como a IL-4 e a IL-1) vão sofrer expansão clonal e se transformar numa célula ativa denominada de plasmócito. Os plasmócitos (fig. 2.3) possuem na sua ultra-estrutura, o REG e o complexo de Golgi desenvolvido, e o núcleo com aspecto de roda de carroça. Secretam ativamente anticorpos específos na resposta imune humoral (RIH).



Fig. 2.3 - Desenho que demosntra as características ultra-estruturais dos plasmócitos. Observe a imensa quantidade de retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi desenvolvido no citoplasma. O núcleo possui cromatina condensada na periferia dando um aspecto de roda de carroça. As mitocôndrias estão aumentadas e desenvolvidas (muitas cristas alongadas).


Os LB expressam o MHC classe II quando ela entra em contato com o antígeno. Este MHC é importante para a interação com os LT, pois o MHC-II reconhece o CD4 dos LT-helpers (Veja capítulo3 ou 4). Os LTCD4 irão ajudar na maior ativação dos sistema imune, com a produção de inúmeras interleucinas indutoras.

2.2.6.3 Linfócitos NK


Os linfócitos NK (Natural Killer) são células matadoras naturais, ou células assassinas e fazem parte de 10-15% dos linfócitos do sangue. Elas lisam (destroem) a células tumorais (estranhas) ou infectadas por vírus sem que estas expressem algum antígeno ativador da resposta imune específica. Este tipo de resposta é chamada de resposta imune inespecífica, pois não há reconhecimento de epítopos e nem formação de células monoclonais específicas ou qualquer memória imunológica (que é sempre específica).
Estas células possuem a morfologia dos LGG e não costumam expressar receptores CD de superfície, não existindo nenhum marcador específico para os NK. O marcador mais encontrado e usado atualmente para detecta-los é o CD16 ou o CD56.
As células NK também lisam células cobertas por IgG. Essa função é denominada de citotoxidade celular dependente de anticorpo. Este processo é possível devido a presença de receptores FCgamaR nos linfócitos NK, que é o receptor de FC das IgG.

domingo, 29 de abril de 2012

Sistema Imunológico – Mecanismos de defesa

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Resenha
As defesas contra os microrganismos dependem da capacidade do indivíduo produzir substâncias e células do sistema imunológico. Para que isso ocorre todo o indivíduo deve estar bem nutrido e ter o sistema genéticamente integro. A primeira linha de defesa ocorre localmente com secreções normais, seguida de migração local de células de defesa, especialmente macrófagos e numa terceira fase agentes sistêmicos (células e imunocomplexos), que chegam ao local da infecção via sangüínea ou intersticial (sistema linfocitário).
Mecanismos de defesa local – A primeira barreira de defesa contra as agressões por agentes patogênicos (fungos, bactérias e fungos) são as substâncias contidas nos mucos e secreção normais do organismo, como saliva, oleosidade da pele, mucos das vias aéreas e vias urinárias. Este tipo de defesa não é específico, ou seja, combate qualquer agente, e consegue impedir sua ação patogênica, se estes forem em pequeno número. As fases seguintes dependem dos mecanismos sistêmicos de defesa, tanto celular, como humoral.
A figura abaixo ilustras dois fenômenos de defesa, os leucócitos atravessando a parede do vaso (diapedese leucocitária) e indo em direção aos agentes infecciosos (bactérias de coloração azul), na parte superior do desenho, e a reparação da parede do vaso com aglomerado de plaquetas e formação de fibrina (elementos e filamentos em azul) na parte inferior do desenho.
Imunologia
Na barreira inespecífica destaca-se os macrófagos, célula fagocitária, cuja captação dos microrganismos são facilitadas pelas opsoninas (do grego, opsono = preparar comestíveis para). Via de regra, a imunoglobulina G (IgG) específica é a mais efetiva opsonina para os macrófagos, mas o componente do complemento C3b promove a captação de muitos microrganismos quando o anticorpo se encontra com título baixo e insuficiente.
O macrófago, também, pode destruir alguns microrganismos na ausência de opsoninas, desde que ocorra ligação direta entre seus receptores e as bactérias, por exemplo, com algumas espécies de Staphylococcus aureus.
Para que ocorra fagocitose dos microrganismos capsulados (Ex. S. pneumoniae, H. influenzae, E. coli e P. aeruginosa), há necessidade da ação do sistema de complemento e anticorpo.
Agentes facilitadores dos macrófagos – O macrófago amplifica a resposta inflamatória, secretando lipídeos bioativos e glicoproteínas com propriedades quimiotáticas e imunorreguladoras, como os leucotrienos, prostaglandinas, interleucinas (IL-1), interferons, fator de necrose tumoral (TNF) e o fator estimulador de colônias.
O macrófago também produz proteases e antioxidantes que protegem o indivíduo. Possui capacidade de apresentar antígenos e iniciar a reação de imunidade celular e humoral. O uso de corticóide pode piorar a produção dos mediadores inflamatórios pelo macrófago, aumentando a freqüência e gravidade das infecções.
Mecanismos de defesa sistêmico celular – No mecanismo de defesa sistêmico celular os neutrófilos são essenciais tanto contra infecções bacterianas, como fúngicas. Sabe-se que o neutrófilo possui armas poderosas para combater bactérias, entre elas as reações da cadeia respiratória, que geram produtos decorrentes da redução do oxigênio e da liberação por seus grânulos de proteínas microbicidas, como a lisozima, a lactoferrina, o fator bactericida estimulante da permeabilidade de membrana, as defensinas e as proteases.
Muitos destes produtos são liberados no meio extracelular em que pode haver microrganismos resistentes à fagocitose inicial dos macrófagos. Embora os neutrófilos destruam muitos microrganismos mais eficientemente que o macrófago, a colaboração da fagocitose também é importante na defesa do hospedeiro. Esta atividade antimicrobiana dos neutrófilos é estimulada pelo TNF, IL-1 e outros fatores liberados pelos macrófagos descritos acima. A eliminação de vários microrganismos requer ação sinérgica dos vários tipos de células com capacidade fagocitária.
Recrutamento das células sangüíneas de defesa – O processo infeccioso estimula o recrutamento dos neutrófilos através de várias vias. Em uma delas ocorreria liberação de peptídeos pelas bactérias com capacidade de estimular a adesão e migração dos leucócitos. Além disso, a ativação pelas bactérias da via alternativa do complemento gerando C5a, que também é potente fator quimiotático, facilita a migração dos neutrófilos.
Após o recrutamento dos neutrófilos da corrente sangüínea para a região lesada se dá então o acoplamento delas ao endotélio capilar. Este processo é mediado por moléculas determinantes de aderência, também chamadas de moléculas de adesão, tais como moléculas de adesão leucócito-endotélio (ELAM), moléculas de adesão interstício-celular (ICAM), selectinas, dentre outras. Como resultante desta interação reversível, os neutrófilos se acumulam na superfície das células endoteliais através da ação de várias substâncias mediadoras como o fator de ativação plaquetária (PAF), óxido nítrico (NO), prostaglandina E (PGE), interleucina-1 (IL-1), interleucina-8 (IL-8) e fator de necrose tumoral. Finalmente, os neutrófilos migram através da parede dos capilares para o local da infecção.
Mecanismos de defesa humoral
A resposta imunológica específica (defesa humoral) é uma complementação da resposta inflamatória celular contra antígenos específicos dos agentes infecciosos.
A imunidade humoral é feita pelo linfócito B (com a produção de anticorpos) que, após ativação e diferenciação em células plasmáticas estimuladas por linfocinas produzidas por linfócitos T.
Bactérias como Pneumococo, H. influenzae, Neisseria sp e alguns gram-negativos são patógenos extracelulares que se multiplicam independentemente nas células do hospedeiro, e só são destruídas pelos fagócitos quando opsonisados por anticorpos específicos da classe das imunoglobulinas que são produzidos pelos plasmócitos, que se diferenciam dos linfócitos B após reconhecerem o antígeno específico.
A ligação dos microrganismos à IgM e IgG ativa a via clássica da cascata do complemento, facilitando a ingestão pelos fagócitos, assim como a lise mediada pelo complemento, das bactérias suscetíveis. A IgG tem poder de opsonisação muito maior que o complemento, promove a fagocitose através dos receptores Fc no macrófago e no neutrófilo. Da mesma forma que a IgA, a IgG e a IgM também contribuem na defesa contra os vírus.
A IgG possui atividade anticorpo contra vários microrganismos. Na resposta imune primária o anticorpo específico aparece no sangue apenas entre cinco e sete dias após o início da infecção. Quando imunizados previamente, tanto a IgG como a IgM, aparecem poucas horas após a infecção como resultante da exsudação plasmática.
Imunidade celular
A imunidade celular é essencial na defesa do hospedeiro contra patógenos intracelulares (vírus), que são capazes de se multiplicar no interior do macrófago parasitando-a.
A imunidade celular depende da interação entre o linfócito T e o macrófago para controlar as infecções. A indução da imunidade celular necessita da apresentação do antígeno microbiano pelo macrófago (célula apresentadora de antígeno) ao linfócito T, que promove uma expansão clonal de antígenos específicos sob a influencia da IL-1, IL-2 e outras citocinas.
A célula T ativada produz linfocinas que estimulam a produção de anticorpos e aumentam as vias microbicidas das células fagocitárias (resposta TH2). A ativação da célula T pode levar linfócitos citotóxicos a promoverem a lise das células do hospedeiro, invadidas por microrganismos. Tanto os linfócitos T auxiliadores (CD4+) como os linfócitos T supressores (CD8+) participam deste processo.
A ligação da IgG aos antígenos virais nos receptores Fc promove a destruição das células infectadas pelos virus por meio da ação das células Natural Killer (NK), pelos linfócito T citotóxico e pelos fagócitos. Este processo é conhecido como citotoxicidade.
Os linfócitos T auxiliares CD4+ reconhecem o antígeno presente, através das moléculas classe II do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) e são as maiores fontes de interferon gama, principal linfocina ativadora dos macrófagos (resposta TH1), na resistência às infecções intracelulares.
Os linfócitos T supressores CD8+ reconhecem o antígeno através das moléculas classe I dos complexos maiores de histocompatibilidade (MHC), promovendo a atividade citotóxica contra as células infectadas e produzindo linfocinas reguladoras.
As células natural Killer (NK) também contribuem nesta linha de defesa, são linfócitos não antígeno-específico, mas quando ativados pelas citocinas, como o TNF, IL-1 e IL-2, liberam interferon gama que lisam células infectadas.
Com este breve resumo podemos imaginar quão complexo é o sistema de defesa do organismo humano e incrível grau de sofisticação e inter-relação entre eles.
Referência:
Schultz RM, Liebman MN – Cap.9 Proteínas Parte II: Relações Estruturais -Função nas Famílias de Proteínas (Moléculas de Anticorpo), In: Devlin TM Coord. – Manual de Bioquímica com correlações clínicas. Editora Edgard Blücher 2003.
Sociedade Brasileira de Imunologia [on line]

Violência na infância pode deixar cicatrizes genéticas

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Telômeros (rosa)
Telômeros (rosa)
Experiências traumáticas nos primeiros anos de vida podem deixar cicatrizes emocionais. Mas um novo estudo sugere que a violência pode deixar uma marca genética também. Pesquisadores descobriram que crianças que foram fisicamente abusadas e sofreram “bullying” tendem a ter telômeros mais curtos – estruturas nas pontas dos cromossomos cujo encolhimento está ligado ao envelhecimento e doenças.
“Crianças que tiveram a experiência da violência física parecem envelhecer em uma maior velocidade”, disse o neurocientista e co-autor da pesquisa, Avshalom Caspi. Como resultado, ele diz, essas crianças podem enfrentar o aumento do risco de doenças na vida adulta e uma expectativa de vida menor.
Link para o Artigo

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Segmentados

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Segmentados

Seg_01
Núcleo com cromatina condensada. Citoplasma mais abundante exibindo intensa granulação neutrofílica.
Seg_02
Núcleo com cromatina condensada. Citoplasma moderado exibindo intensa granulação neutrofílica.
Seg_03
Núcleo bilobulado com cromatina condensada. Citoplasma moderado exibindo granulações grosseiras.
Seg_04
Núcleo bilobulado com cromatina condensada. Citoplasma moderado exibindo granulação neutrofílica mais evidente.
Seg_05
Núcleo com cromatina muito condensada. Citoplasma moderado exibindo intensa granulação neutrofílica e vários vacúolos.
Seg_06
Núcleo trilobulado com cromatina condensada. Citoplasma moderado exibindo granulação neutrofílica mais intensa.
Seg_07
Núcleo com cromatina condensada. Citoplasma moderado exibindo granulação neutrofílica característica.
Seg_08
Núcleo plurissegmentado com cromatina muito condensada. Citoplasma moderado exibindo granulação neutrofílica.

Promielócitos

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Promielócitos

Promielo_01
Nota-se a presença de grânulos mais grosseiros e uma granulação de fundo, mais fina. O núcleo apresenta cromatina delicada sem a presença de nucléolos evidentes.
Promielo_02
A célula apresenta os dois tipos de grânulos normalmente encontrados neste estágio de maturação. Núcleo com cromatina delicada e nucléolos ausentes.
Promielo_03
Esta célula apresenta pouca quantidade de grânulos específicos, talvez indicando uma maior imaturidade. A cromatina nuclear mostra-se muito delicada não apresentando nucléolos evidentes. Citoplasma escasso com áreas basofílicas na periferia.
Promielo_04
Célula 2Nota-se a presença de dois tipos de grânulos citoplasmáticos. Núcleo com cromatina delicada exibindo esboço de nucléolo.

Monócitos

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Monócitos

Mono_01
Núcleo irregular apresentando cromatina delicada. Citoplasma abundante com alguns vacúolos.
Mono_02
Núcleo irregular apresentando cromatina delicada. Citoplasma moderado com regiões mais basofílicas na periferia exibindo uma discreta granulação.
Mono_03
Núcleo bastante irregular com cromatina delicada. Citoplasma moderado com coloração avermelhada.
Mono_04
Núcleo irregular apresentando cromatina mais condensada. Citoplasma moderado com regiões mais basofílicas na periferia. Alguns vacúolos citoplasmáticos.
Mono_05
Núcleo irregular apresentando vacúolos. Citoplasma moderado, azul claro bem vacuolizado.
Mono_06
Núcleo irregular apresentando cromatina sem grande condensação. Citoplasma moderado com regiões mais basofílicas na periferia.

Mielócitos

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Mielócitos

Mielo_01
Célula com núcleo redondo, excêntrico, apresentando cromatina nuclear com certo grau de condensação. Citoplasma moderado apresentando granulações mais grosseiras e mais finas.
Mielo_02
Célula com núcleo redondo, apresentando cromatina nuclear com certo grau de condensação. Citoplasma abundante apresentando granulações com características eosinofílicas. Nesta etapa evolutiva é possível a identificação do tipo de granulação.
Mielo_03
Célula 1Célula grande, com núcleo redondo, excêntrico, apresentando cromatina nuclear com certo grau de condensação. Citoplasma abundante apresentando granulações grosseiras e mais finas. Área clara perinuclear correspondente ao sistema de Golgi.
Mielo_04
Célula típica com núcleo ovalado, excêntrico, apresentando cromatina nuclear com certo grau de condensação. Citoplasma moderado apresentando granulações grosseiras e mais finas.
Mielo_05
Célula com núcleo arredondado apresentando cromatina nuclear com certo grau de condensação. Nota-se esboço de um nucléolo. Citoplasma moderado e irregular apresentando grânulos avermelhados mais grosseiras e grânulos neutrófilos mais finos

Metamielócitos

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Metamielócitos

Sem título 2 Meta_01
Célula apresentando granulação citoplasmática neutrofílica. Núcleo em forma de bastão, porém com diâmetro maior. Nota-se a menor condensação da cromatina nuclear.
Meta_02
Célula apresentando granulação citoplasmática neutrofílica bem fina. Núcleo com invaginação central, apresentando cromatina nuclear pouco densa.
Meta_03
Célula 2Célula apresentando granulação citoplasmática neutrofílica intensa. Núcleo em forma de rim.
Meta_04
Célula apresentando granulação citoplasmática neutrofílica. Núcleo riniforme.

Linfócitos

POSTAGEM. Berto. Robersonn Jhones, NOGUEIRA.

Linfócitos


Linfo_01
Núcleo de forma arredondada com cromatina delicada. Citoplasma abundante com certo grau de basofilia na periferia. Nota-se que o citoplasma envolve parcialmente as hemácias. Célula com atipia reativa.
Linfo_02
Núcleo de forma irregular com cromatina delicada. Citoplasma abundante envolvendo parcialmente as hemácias. Nota-se uma discreta granulação no citoplasma.
Linfo_03
Núcleo de forma arredondada com cromatina densa. Citoplasma abundante com certo grau de basofilia na periferia.
Linfo_04
Núcleo com cromatina densa de forma irregular. Citoplasma escasso com algumas áreas basofílicas.
Linfo_05
Núcleo de forma arredondada com cromatina densa. Citoplasma moderado de coloração clara.
Linfo_06
Célula típica. Núcleo pequeno e redondo. Citoplasma escasso e levemente avermelhado.
Linfo_07
Núcleo de forma arredondada com cromatina densa. Citoplasma moderado, de aspecto uniforme.
Linfo_08
Núcleo com cromatina delicada de forma irregular. Citoplasma moderado com certo grau de basofilia. Nota-se alguns grânulos no citoplasma de coloração avermelhada.

Hematopoese

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Hematopoese







O que Provoca um DESMAIO ?

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